MENSAGEM DO CASANTE PARA O NATAL 2020

"Vimos surgir a sua estrela"

Queridos irmãos e irmãs da família calabriana!

Que a paz, a alegria e o amor do Menino Jesus encham os nossos corações, para que possamos olhar para o alto e ver a luz da sua estrela nascendo no horizonte, em meio à situações e trevas que obscurecem o mundo de hoje.

Aproximamo-nos dos dias santos do Natal, que desejamos viver com intensidade, ainda que de uma forma muito especial e particular, como nunca experimentamos. Este ano de 2020 foi particularmente marcado pela pandemia e por muitos outros eventos que aceleraram processos de mudança em toda a humanidade, a ponto de nos encontrarmos vivendo em uma nova época. Mas nada pode nos assustar, porque Deus garante a sua presença entre nós na fragilidade de um Menino que nos traz a salvação.

Mas apesar da certeza da sua presença, devemos também admitir sinceramente que esta situação nos perturba e nos faz viver momentos e situações particulares de incerteza e perplexidade, a nível pessoal, familiar, social, eclesial e como Obra. Muitos de nossos programas e projetos foram adiados e continuam sendo adiados, incluindo a celebração dos Capítulos Gerais das Congregações dos Pobres Servos e das Pobres Servas.

Pensando no Natal deste ano particular e numa mensagem de esperança no meio da situação em que vivemos, me chamaram particularmente atenção as palavras que encontramos no Evangelho de Mateus, imediatamente após o nascimento de Jesus, antes da chegada dos Reis Magos: "Vimos surgir a sua estrela? " (Mt 2,2). Ver surgir a sua estrela não era algo dado como certo então, e não é dado como certo agora, especialmente neste período em que buscamos pontos de referência, para não viajar e vagar no vazio, no escuro e sem direção. Ver a estrela é o ponto de partida de tudo. Mas para vê-la é preciso olhar para o céu, procurá-lo como procuramos o cometa Neowise, que apareceu há pouco tempo, mas nem todos nós fomos capazes de vê-lo.

Muitas vezes, na vida, nos contentamos em olhar para o chão, para as coisas contingentes e superficiais. Em vez disso, para viver de verdade é preciso uma meta elevada, que nos impulsione a manter o olhar para o alto e a decidir partir, aceitando o convite para mudar, sair, correr riscos, enfrentando o cansaço diário da caminhada e aceitando os imprevistos. Todos nós experimentamos esse cansaço, principalmente neste momento difícil que vivemos.

Estamos numa época, num mundo novo e mudado, com novos paradigmas. A pandemia continua causando feridas profundas, expondo nossas vulnerabilidades. Muitos são os mortos, muitos são os doentes, em todos os continentes onde estamos presentes como família calabriana. Muitas pessoas e muitas famílias vivem uma época de grandes privações, devido a problemas socioeconômicos que afetam os mais pobres e não somente eles.

A questão da saúde tornou-se uma prioridade, um problema a ser levado a sério com todas as medidas de que dispomos, procurando sempre novas adaptações para os novos tempos que, apesar da difícil situação, são os tempos de Deus e novas oportunidades para a nossa vida e para a vida do mundo. Devemos ter sempre esse olhar de fé que vai além, sabendo que os novos tempos exigem novas adaptações e liberdade de impulso, como nos diria são João Calábria.

A estrela de Natal brilha hoje mais do que nunca. A luz de Cristo nascido em Belém permanece como ponto de referência para todas as situações vividas pelo homem, pela mulher e por toda a humanidade. Não há pandemia, não há crise que possa apagar essa luz. Acolhamo-la, deixemo-la entrar em nossos corações, vamos nos abrir para receber a luz que dissipa as sombras de um mundo fechado. Estendamos a mão àqueles que mais precisam, assim Deus nascerá novamente em nós e entre nós.

Isso será possível na medida em que respondermos ao apelo do nosso carisma, cuidando dos mais fracos, dos doentes, dos idosos, dos pobres, das nossas pérolas. A emergência sanitária do distanciamento não nos afaste da realidade concreta que vivem nossos irmãos e irmãs, mas nos envolvam, dedicando o que temos de mais precioso, nosso tempo e nossa vida ao serviço. Devemos responder a essas necessidades não apenas como indivíduos, mas com um verdadeiro sentimento de pertença à nossa missão, seguindo os nossos princípios carismáticos. Somos convidados a pôr-nos sempre em caminho, a oferecer uma cura ao mundo de hoje que dela tanto necessita. Diria que partamos juntos, como os Magos, não cada um por si seguindo seu próprio caminho.

"Vimos surgir a sua estrela...". Irmãos e irmãs, hoje somos convidados a erguer os olhos para ver esta estrela nascer, encorajando-nos mutuamente, compartilhando sofrimentos e sonhos, com a esperança de uma nova humanidade, sabendo que hoje somos os portadores da esperança de que tanto as pessoas precisam. Olhando para a sua estrela que surge no horizonte, somos envolvidos pela sua luz e transformados por dentro, para continuarmos o nosso caminho sem jamais nos cansar e desanimar. Deste modo, podem tornar-se realidade as palavras proféticas e sempre atuais de São João Calábria, que nos chama a uma busca constante do Reino de Deus fazendo o bem às pessoas, sem jamais desanimar: «Os Santos Magos nos dão um exemplo de constância: a prodigiosa estrela em Jerusalém se esconde, mas eles não se confundem, eles não desanimam, eles vão em frente e pedem naquela cidade por Jesus. Meus irmãos, nós também, jamais desanimemos, a nossa felicidade não podemos encontrá-la neste exílio[i] ".

Coragem! Caminhemos em direção a essa luz, mantendo os olhos para o alto! A nossa missão é reconhecer e acolher a luz de Cristo, a estrela do Natal, para continuar a irradiar a luz, a esperança e a proximidade do amor de Deus Pai entre nós, enquanto o contemplamos e o celebramos nestes dias santos.

Feliz e Santo Natal a todos vocês e suas famílias. Que a luz do Menino Jesus encha nossos corações. Deus vos abençoe e acompanhe sempre com dons e graças especiais neste Natal e no próximo Ano Novo!

Fraternalmente.

 

                                                                                 Pe. Miguel Tofful

 

[i]   Pe. Calábria, festa da Epifania, sem data.